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Verão 1991

by La Portuguese on May 20, 2022
VERÃO 1991

Este texto merece ser muito bem contado porque há conquistas que são só nossas e mais ninguém entende.

Na década de 90 ter umas Sendra era estar carregada de estilo. Era sinónimo de “eu estou completamente dentro da cena e tu não.”

Ficava admirar quem as tinha e confesso com alguma vergonha invejava quem se pavoneava com elas.

Ainda pensei ir trabalhar um verão tal era o desespero com 14 anos.

Tinham raça, podia fazer barulho ao caminhar.

Éramos 4 irmãos e eu nem me atrevia a pedir semelhante porque a respostas era sempre a mesma.

- não vou roubar !

Aprendi cedo a não insistir e a não “pregar” sermões no deserto. Estas coisas eram fora do nosso alcance.

Custavam 32 ou 34 contos isto há 30 anos atrás. Hoje seriam 160 Eur ainda.

O Jorge Soviético, o José Carlos, o Nelson que eu já andava pelo beicinho há meses também, mais grave a namorada dele também tinha. E não só o casal tinha como andavam de Mota. Nem vamos por aí. Se as Sendra eram um sonho então a moto era galáctico. Nelson veio mais tarde a namorar comigo e acabar com a namoradinha da Mota e das Sendra. Mesmo eu não tendo motinha e Sendras.

Eu e a Elsa minha melhor amiga de então, que viria a ser a mulher do meu irmão mais velho também as queria e eram muitas vezes tema de conversa quando alguém chegava com elas nos pés e me faziam sentir pássaro sem asas.

Riamos e chamávamos nomes à namorada do Nelson por as ter e o maximo que consegui foi umas quase Sendra que era mais grave andar com elas do que não ter. Fiz figura de ursa.

Tinha 14 que fazer? sabia que não podia ter tudo. Aliás nesse tempo, bem melhor que o tempo dos meus pais, tínhamos direito a um par de sapatos por estação. Bota no inverno, sandálias no verão depois de passar de ano lectivo. Sou de 1977.

Às vezes na Páscoa escolhíamos uma roupa e lá tínhamos sorte e tínhamos um 3 par de sapatos.

Comprei umas Sendras esta 2 feira e calcei-as, mas não calcei apenas umas botas que demoraram 30 anos a chegar. Calcei sonhos, 30 invernos que passaram, calcei-me nos tempo de casada, de mãe, de divorciada em que sempre tardei a comprar por haver outras prioridades.

Estou insuportável hoje, porque cheguei à loja e mesmo não ficando bem com o meu outfit, troquei de calçado. Estou contente e estava excitada quando as abri.

Queria ter recuado para o verão de 1991 e com meu corpo ainda menina aproximar-me da malta na esplanada do café do meu pai e dizer:

- já tenho as minhas!

Quem diz que os sonhos não se realizam nunca tentou. Pode demorar mas vem. Puxo do baú coisas que são só minhas mas que lembro-vos que nunca é tarde. Tarde é nunca tentar.

Anabela Pinto de Sendra calçadas

La Portuguese

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