Demorei anos a por um chapéu na cabeça, achava que não era para mim. Adorava ver, mas pensava que todos iam ficar olhar e talvez gozar. Achava que o chapéu era para pessoas com muito dinheiro, para as senhoras com Jaguares. Tipo as estrelas e de facto são estrelas, não pelo Jaguar mas porque estão-se borrifando para o que os outros pensam.
Ficava admirar aquelas senhoras que caminhavam na rua, abstraidas simplesmente na delas.
Enchi-me de coragem um dia, tinha me divorciado há pouco, precisava de mudar, mostrar que tudo ruiu, mas o chapéu está cá.
Ficamos estranhas nos primeiros minutos com um chapéu, mas depois enquanto passeamos ou falamos o chapéu fica a ser parte daquela tarde e a razão do nosso sorriso. Fica a fazer história connosco, seja lá onde for.
Um chapéu faz milagres se houver flores à mistura também. O chapéu foi o meu grito de ipiranga perante o julgamento.
Ultrapassado o medo, já lá vão muitos anos, posso exibir-me afirmando que já me armei tanto com os chapéus desta vida, que já não há vestidinho curto que me meta medo.
Hoje sou suspeita porque eu topo tudo. E não me digam que é porque tudo me fica bem, porque não é por isso, é porque topo mesmo. Estou naquela do quero mais é ser feliz. Outra vez, agora alto comigo, QUERO MAIS É SER FELIZ.
Ontem relembrava à Caetana, que não basta ser uma cara bonita, que o mais importante é ter personalidade, segurança e atitude.
Em abono da verdade ela já o sabe desde que fala.
É preciso atitude para arrojar e atingir um estado de felicidade em não prostituir a nossa essência. Não vendas o que queres pelo que outros possam pensar a teu respeito.
Vamos lá arrepiar caminho
- Eu gosto, mas não tinha coragem.
Podes riscar esta frase e tentar?
La Portuguese
Anabela Pinto