Existem duas mulheres bem diferentes
Uma conquistou uma terra outra nasceu conquistada por berço.
Sevilha é o palco de Espanha, esta semana muito mais. É a Feira, uma semana onde todas as mulheres se vestem de Sevilhanas. Pobres, ricas não importa. Andam com a sua flor, o seu xaile, a sua saia ou vestido.
Sou filha e neta da têxtil. Meu avô era alfaiate de profissão.
Sendo eu uma filha da têxtil, formada no meio de tecidos, forros e botões portugueses e italianos. Quinze anos a tocar nos melhores fios em teia e trama em sarja e tafetá.
Escolhi forros, botões, entretelas ombreiras, fechos, linhas. Trato por tu o mundo da confecção. Trabalhei com Paris, com Milão. Uma empresa de 350 mulheres em Ermesinde. Fui directora de compras e directora comercial durante 15 anos. Em 2009 tínhamos comigo na frente comercial atingido o melhor ano de faturação da empresa que representava.
O embate em Sevilha era uma questão de tempo. Respirar este povo também.
Agora perguntem-me ou perguntem-se porque não temos todos necessidade de vestir a nossa tradição à nossa maneira mas erguendo as nossas tradições e honrando os nossos antepassados? Eu fiz a saia e tenho à venda.
As Portuguesas são falsas tímidas, adoro a nossa polidez, a nossa ternura. Mas falta-nos respirar a cultura. A nossa. Falta-nos a vaidade dos nosso trajes e sermos capaz de os usar.
Se temos salero ? Tenho a certeza do que o mostramos mais confortavelmente dentro de quatro paredes aos que amamos. Temos salero de sobra mas é para os nossos e a passagem de testemunho só se dá quando erguemos cultura.
Amei o meu fato de Sevilhana foi o meu marido que me ofereceu. Sabe das minhas saias, sabe como amo estes trapos e como me inspiram para que todas sejamos mais a da foto da esquerda com vontade de ser mais um pouquinho todos os dias a da direita.
Era tão bom que todas pudéssemos um dia ao ano usar Portugal. Xaile, uma saia Nazaré. A soca.
Anabela Pinto
La Portuguese